Tuesday, February 2, 2010

Passagem de fim de ano na Serra do Caraça

Como sempre no final de ano volto ao Brasil para passar o Natal e fim de ano com minha família e rever amigos e parentes.
Não foi diferente em 2009.
Para quem imagina que férias retornando a casa possam ser tranqüilas se engana. O tempo acaba sendo pouco para rever todas as pessoas queridas e ainda mais no meu caso, tendo parentes em cidades diferentes da minha.
Bem, não posso reclamar da vida, afinal consigo sempre rever as pessoas, mesmo que essas reclamem do pouco tempo dedicado.
E além de rever as pessoas consegui alguns dias para passar o fim do ano fazendo algo que eu gosto muito: caminhar em meio a natureza.
O roteiro escolhido foi a Serra do Caraça, numa excursão com a Namaste, agencia de ecoturismo de um grande amigo meu, o Alécio. E no final também serviria para rever outros amigos de tantas caminhadas passadas.
Foi minha segunda incursão ao Caraça, a primeira havia sido dez anos atrás com a mesma Namaste.
O lugar é muito bonito, fica a uns 120 kms de Belo Horizonte e está dentro de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural). Faz parte da Serra do Espinhaço, cadeia montanhosa do planalto Atlântico nos estados de Minas Gerais e Bahia.
Dentro da reserva existem as ruínas de um colégio antigo e um monastério datado de 1883. Na realidade o local começou a ser habitado já antes, em torno a 1700. Na metade do século XVIII chega o irmão Lourenço, personagem misterioso que segundo a lenda era um fugitivo das perseguições do Marques de Pombal em Portugal. No seu tempo foram construídos um monastério e uma igreja barroca.



Partimos a noite de ônibus de São Paulo e a viagem foi longa, cerca de 10 horas. Chegamos de manhã, com uma chuva bem forte. Após o café seguimos ao parque, que fica a 4 kms da pousada.
Ali assistimos a um vídeo sobre a região e encontramos o nosso guia para as caminhadas, João Julio, que era o mesmo de 10 anos atrás e incrivelmente se lembrava de mim. Não era por menos, afinal tinha sido ele mais o Alécio que me seguraram pela camiseta quando me desequilibrei quando descia a uma cachoeira. E se não fosse por eles certamente o meu destino seria bem complicado, teria caído de uma altura bem grande.
Visitamos o pequeno museu do mosteiro, onde havia várias coisas do tempo do colégio e os leitos onde haviam dormido o Imperador Dom Pedro II e sua esposa, a Imperatriz Teresa Cristina. Almoçamos no refeitório, comida mineira simples e boa.



Como a chuva tinha parado decidimos fazer uma pequena caminhada ao chamado tanque grande. Chegamos a essa pequena represa, onde tomamos um banho na água bem fria para limpar as energias negativas do ano que terminava.
Saindo do tanque a chuva continuou a castigar novamente... Quando retornei ao mosteiro tomei uma boa pinga da região para esquentar.
Troquei de camiseta, visto que a outra estava completamente molhada. Vesti outra velha que tinha achado em casa dos velhos tempos de viagens com a Namaste. Era de 1999 e comemorativa da ATP, a associação dos turistas pentelhos, criada por mim e outros freqüentadores das caminhadas da época com o escopo de fazer brincadeiras com os guias de montanha.
Tinha a seguinte frase: ‘Se não guenta porque veio?’, alusão ao pessoal que reclamava de algumas trilhas pesadas. Bons tempos aqueles.


       João Julio (guia do Caraça)
Pegamos o micro ônibus de retorno para a pousada, estava chovendo bastante e um dos padres nos disse que seria difícil passar num ponto da estrada, por estar alagado.
Ele tinha razão, ao chegarmos num determinado ponto da rodovia, esta estava com água até a altura do joelho. Um carro do lado contrário passou com a seguinte estratégia: motor apagado e as pessoas empurrando o carro. Deu certo, apesar de provavelmente ter entrado água dentro...
Em teoria poderíamos fazer o mesmo, mas o motorista não queria arriscar. Após uns 15 minutos o padre que estava no mosteiro nos disse que seria melhor passar, pois dentro de pouco tempo seria impossível, pois como tinha chovido na cabeceira do rio a água iria subir rapidamente.
Não pensamos duas vezes: saiu todo mundo do micro ônibus e começamos a empurrá-lo até o outro lado.
Funcionou! E conseguimos chegar a tempo para passar o ano novo na pousada e não na estrada!


     Eu, Marcia, Alécio e Aline

Os preparativos para noite foram tranqüilos, batendo papo e enchendo bexigas como decoração.
A ceia de Ano Novo foi bem tranqüila, o pessoal da pousada foi super legal e comemos muito bem, sem falar nos vinhos argentinos e chilenos que o Alécio e o Beto tinham trazido.
E foi muito bom passar o ano em companhia de velhos amigos, que faço questão de citar o nome: Cris, Sheila, Aline, Alécio e Márcia, Beto e Ema.
Lá fora a chuva continuou sem trégua até as primeiras horas de 2010.

To be continued ...

Outras fotos Serra do Caraça

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