Sunday, July 4, 2010

Stromboli - Algo diferente

Dia 29 de junho (terça) foi feriado em Roma e aproveitei para emendar a segunda e fazer mais uma de minhas viagens ‘diferentes’.
Dessa vez decidi ir a Stromboli, uma das ilhas Eólias, que fica na Sicília. Mais exatamente entre a ponta da bota, Reggio Calabria e Messina, onde tem o estreito de uns 3 kms que separa a Itália da Sicília.
Eu conhecia essa ilha de nome, pois tem um vulcão nela. Depois de reler Viagem ao Centro da Terra, de Julio Verne, e saber que era justamente por ele que os protagonistas escapam (depois de terem entrado num vulcão na Islândia) fiquei com uma vontade enorme de fazer uma visita a esse lugar.
Além disso, a ilha é famosa por um filme do Rossellini, que tem o nome da ilha e atriz principal Ingrid Bergman.
Posso dizer que a viagem em si é um tanto dura, peguei um trem de Roma às 8:30 da noite para chegar em Messina lá pelas 5 da manhã e tomar um barco às 7, chegando em Stromboli quase 9. O interessante nessa história é que os vagões são embarcados no ferry boat para atravessar o estreito.

Estreito de Messina



Quando o barco se aproxima da ilha já é possível entender porque o lugar tem fama e fascínio. Praticamente o vulcão ocupa toda ela e a parte habitada é muito pequena, possuindo 450 habitantes oficialmente.
Fazia um calor bem forte, chegando ao porto uma pequena moto de três rodas me acompanha até o hotel. As ruas da ilha são apenas vielas estreitas, com no máximo dois metros de largura.
Aproveito para fazer uma caminhada na cidade, que é uma pequena jóia, casinhas brancas com estilo grego, um contraste de cores incrível. A igreja principal fica numa praça com vista para o mar. O vulcão sempre estava ao lado, e de vez em quando se podiam ver nuvens de explosões, pois ele é ativo.
Passo numa mercearia e preparo o lanche, após fazer fotos paro numa praia para um merecido descanso. Em particular a areia é sempre preta, sendo de origem vulcânica. A água completamente cristalina.
No final da tarde passo na agência onde já tinha reservado para fazer o trekking à cratera no dia seguinte. Logo depois sigo por uma trilha para chegar a um restaurante que fica aos pés do vulcão, onde se pode jantar apreciando a sua vista. Sento-me e qual a minha surpresa quando começo a ver explosões com a lava jorrando para o alto, com sua característica cor laranja avermelhada. Foi uma coisa estupenda e que não esperava. Estar ali para mim era ter o prazer de poder presenciar mais um espetáculo dessa natureza linda criada por Deus. Tenho claro que admitir que os vulcões sempre me causassem fascínio.
A noite não seria melhor não fosse ter sido ‘explorado’ na refeição do restaurante, que não tinha nada de excepcional, além do preço alto.





No domingo iniciei fazendo a volta na ilha com uma excursão em barco. Igualmente fantástica, pois se viam as vias de descida de material vulcânico e nuvens cinza das explosões brotando da cratera.
Já começamos a ver uma cor de água incrivelmente verde e cristalina. Paramos em Ginostra, um vilarejo do outro lado da ilha, acessível somente em barco, um local bastante sugestivo. Depois paramos nas piscinas de Ginostra para um mergulho, água igualmente fabulosa, alguns peixes e sempre uma ou outra medusa.
Após outra parada em Strombolicchio, uma ilhota que é um antigo vulcão extinto, e voltamos para a cidade.
Após o almoço comecei a me preparar para a subida à cratera, que iniciaria as 17:30.
Chegando na agência, para minha surpresa, a quantidade de pessoas para a caminhada era enorme.
Iniciamos no horário, o guia, Mario, tinha acento siciliano forte, visivelmente irritado com algumas pessoas que não sabem que a subida não é para qualquer um, e que algumas regras básicas tinham que ser seguidas, como botas, levar boa quantidade de água e estar vestido adequadamente.





Ele explica que como se sobe muito rápido, de 35 mts (acima do nível do mar) iríamos até 913, teriamos que ter um ritmo bastante lento e sem muitas interrupções. A fase inicial foi bastante dura, até chegarmos a 400 mts, pois o calor era forte demais. Após essa fase eu pensei que a coisa pioraria, pois teríamos que fazer o ataque e que o terreno seria mais complicado. Mas foi o contrario, pois a trilha era sempre bem feita e o calor forte havia passado, pois estávamos com sombra e um vento fresco que ajudava a não aquecer demais o corpo.
A paisagem já havia mudado, pois era areia vulcânica, e enfim chegamos ao topo, com um vento fortíssimo, neblina e frio. Muito sugestivo. Ali tem umas espécies de cabanas de proteção de cimento, onde trocamos as camisetas suadas. Claro que essas cabanas não servem para isso, provavelmente para explosões mais fortes que expelem material perigoso e também pelo vento forte.
Mario explica que no por do sol o tempo limparia e que seria hora de subir ao ponto mais alto para fazer a observação das crateras, que estavam mais abaixo. Exatamente ao alvorecer o céu limpou como mágica e ficou com uma cor linda. Em fila indiana caminhamos até o ponto, onde ficamos parados olhando para baixo. Logo no inicio uma pequena explosão muito rápida. Depois disso ele se acalmou e quando tínhamos que retornar resolveu dar o ar da graça com mais uma. E ver aquela lava indo pelos ares com sua cor mágica foi uma sensação incrível.

O guia Mario




A descida foi mais curiosa ainda, pois totalmente no escuro, usando lanternas. O mais divertido foi que descemos por uma trilha de areia vulcânica, completamente íngreme. Foi como descer uma duna enorme, por quase 30 minutos. Menos mal que era escuro, com a luz do dia seria de dar vertigem!
Chegamos de novo no vilarejo às 11 da noite, bastante cansados. Mas tinha valido cada passo.
No dia seguinte não sabia ainda se ficava em Stromboli ou partia para Lípari, outra ilha do arquipélago das eólias. Acabei decidindo por partir mais tarde. Aproveitei para relaxar, tomar um banho de mar e comprar algum souvenir. Cheguei a Lípari as 5 da tarde.
Após deixar as coisas no B&B fui ao centro diving para marcar um mergulho (depois de dois anos, queria voltar à carga).
Ao ver a pequena praça do porto fiquei encantado com a pequena cidade. Passei o resto da tarde para reconhecer os pontos principais. E se percebe o quanto a Sicília é diferente, vielas onde se pode perder e suas casas com balcões e paredes meio arruinadas.
O complexo do Castello de Lípari é muito interessante. Uma roccaforte com uma mistura de épocas diferentes: grega, romana, medieval, barroca...
A vista do alto era esplêndida, um jardim com tumbas gregas, um anfiteatro estilo grego e pequenas capelas medievais.

Lipari




Jantei numa pequena trattoria, onde pude acompanhar o jogo do Brasil contra o Chile. De passagem ainda comi muito bem, sem ser explorado como em Stromboli.
No meu último dia fiz o mergulho, no inicio estava meio apreensivo, mas entrando na água a coisa mudou e foi prazeroso, cheguei a 20 metros, algumas barracudas, uma moréia entocada, um tipo de peixe escorpião e uma centopéia de mar foram a fauna que pude observar. A visibilidade era ótima.
A tarde aproveitei para ir ao museu, que tinha somente a parte greco romana aberta.
E a pior parte da viagem, o retorno, o barco até Messina atrasou, demorou 5 horas para chegar (normalmente leva 2...), acabei perdendo o trem para Roma, tive que pegar o próximo, que não tinha leito disponível e assim não pude dormir direito e cheguei em Roma as 9:30 e ainda fui trabalhar! Mas tinha valido a pena!

Outros albuns Stromboli - Lipari

Stromboli - Um passeio
Stromboli - Ele, O vulcão
Stromboli - B&W
Stromboli - Cores Vivas

1 comment:

  1. Olá... estou muito interessada em fazer esse trajeto... mas gostaria de algumas indicações... onde reservou a subida e o passeio de barco? Onde ficou hospedado? Por favor, me envie mais alguma informação para andreiacabral@hotmail.com.

    Obrigada

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